terça-feira, dezembro 27, 2005

Férias em Portugal III

 

Não me devem voltar a ver em linha durante os próximos dias, nem este blogue vai voltar a ser actualizado até Janeiro, por isso ficam já aqui os desejos de Feliz Ano Novo para todos quantos lêem isto: que acabem 2005 da melhor maneira e que 2006 se anuncie como um ano próspero e fértil em realização de sonhos ;)


Hoje parto para Lisboa, onde vou fazer a passagem de ano na boa companhia de bons amigos e com a Galiza em mente, já que lá há quem vá comemorar as dozes badaladas segundo a hora portuguesa, em vez da espanhola (cliquem aqui para se informarem da coisa). Lembrem-se destes irmãos dos portugueses quando puxarem das doze passas ;)

Beijinhos e abraços a todos! Eu depois ponho aqui umas quantas fotos.

sábado, dezembro 24, 2005

Férias em Portugal II

 

É véspera do Dies Natalis Solis Invictus, o dia do nascimento do sol invicto, e celebra-se a época das noites mais longas do ano - vulgo, solstício de Inverno - com aquilo que mais é preciso nesta altura do ano: verde do pinheiro ante as árvores nuas, generosidade e abundância ante o recolhimento das sementes na terra e luz, muita luz face às longas horas de escuridão.

Que esta quadra natalícia tenha de tudo o que há de bom e do melhor para todos vocês. A quem não recebeu estes queques, fiquem com a fotografia: só não chegam a toda a gente porque não dá, porque carinho por vocês, meus amigos, é coisa que não falta ;)

Beijos e abraços a todos :)

quarta-feira, dezembro 21, 2005

Férias em Portugal I

 

Fui eu de bicicleta em direcção ao mar ocidental para matar as muitas saudades e olhem no que deu...




Praia da Nazaré em véspera da noite de solstício :) Foi voltar a sentir a água e areia daquela praia linda e aproveitar para deixar uma oferenda de pinho e maçã ao Njord :) Foi a primeira fotografia a que eu te tentei enviar por MMS, Pedrito :)

domingo, dezembro 18, 2005

O dia antes de amanhã

 

Acordei e foi isto o que vi, num dia em que a temperatura foi de dez graus negativos...



...subi ao terraço e era Sernanders väg coberta por um manto branco...




...enterrava-me na neve de tanto que ela se acumulava nalguns recantos...



... já no dia anterior me tinha mandado para cima dela, de tão fofa que é... :)



...e ainda no terraço vi o sol na Suécia a pôr-se pela última vez este ano, eram duas e meia da tarde:



Arrumei o resto das coisas, fiz as malas e umas rabanadas para o jantar com mais pessoal, incluido os portugueses que por cá andam...



...consta que estavam boas, pelo menos elogios receberam, mas mais parecia que tinha usado vinho do forte, LOL!



A Rita sobreviveu a estas figuras por ter trazido o seu próprio comer, uma bela e deliciosa lasanha vegetariana:



Mas estavamos todos bem para a fotografia de grupo, pelo menos os que aguentaram até à meia-noite :)



Cinco portugueses mais uma italiana, uma lituana e uma polaca. Uma óptima despedida antes das férias de Natal :)

Agora, meus queridos pais e amigos, meus queridos "manos" e pessoas que têm e terão sempre um cantinho muito especial no meu coração, é hora de eu arrumar este computador, tratar de umas últimas coisas e dormir: amanhã ainda tenho uma aula e depois vou apanhar o avião em direcção a...casa! :D Vou finalmente voltar a ver as terras galego-portuguesas e o mar ocidental que as banha! :)

Beijinhos e abraços a todos: longos, apertados e com muito, muito, mas muito amor. Amanhã por esta hora já estou em Portugal :)

sábado, dezembro 17, 2005

Neve de última hora

 

Sim, é verdade: a dois dias de me ir embora eis que começa a nevar em força!!! :D



Espero bem que continue assim, para na segunda-feira eu deixar a Suécia com muito branco no horizonte e em direcção a um Natal em casa :D Entretanto, amanhã há jantarada de portugas, com docinhos natalícios e tudo :p

Beijinhos e abraços a todos. Está quase, pessoal, está quase!!! :D

sexta-feira, dezembro 16, 2005

Presidencialices

 

Ao ler as notícias de Portugal na SIC Online, dei de caras com isto: as palavras de notáveis do PS em apoio à candidatura de Soares, com particular destaque para António Vitorino. Se ele se afastou da política activa por ser desgastante - e não digo o contrário - não deixa de ser interessante que ele mesmo contribua para um debate político que de construtivo e edificante tem pouco ou nada, senão vejamos.

António Vitorino diz, e passo a citar, que "Portugal não precisa de dom Sebastiões ou de homens providenciais, mas de um Presidente da República que saiba unir os portugueses". Curioso, então, que ao mesmo tempo que recusa o sebastianismo político, ele vai logo apoiar o ex-presidente já na casa dos 80 anos de idade que se candidata a um terceiro mandato, qual patriarca chamado de volta a acção para a salvação da Pátria, qual quê! Comparado com Soares, Cavaco tem muito menos de D. Sebastião (e atenção que eu não sou, nem nunca fui cavaquista!).

Mas há mais: "Cavaco Silva não quer ser visto com os líderes do PSD, Marques Mendes, e do CDS-PP, Ribeiro e Castro. Mas o mais espantoso é que os próprios não se importam com isso." Ora bem, está explicado porque é que Vitorino se recusa a ver um D. Sebastião em Soares, mas apenas e exclusivamente em Cavaco: António acha que ele tem o dever de apoiar Mário por ele ser da mesma família política que ele e, como se não bastasse, acha estranho - quiça escandaloso - que os líderes do PSD e CDS-PP não se importem com o desejo de Cavaco em não querer ser visto com eles. Sinceramente, de um político de qualidade como Vitorino eu esperava mais, nomeadamente perceber que as eleições presidenciais são - e na prática deviam certamente ser - apartidárias, isto é, independentes de partidos políticos. Em vez disso e infelizmente, o que se verifica é a quase completa monopolização das mesmas pelos aparelhos partidários, asfixiando qualquer iniciativa de cidadãos anónimos que tentam exercer o seu direito de participação, mas que não têm o apoio de "bispos" da política. Só assim se percebe o espanto de Vitorino e as suas palavras em relação à campanha de Manuel Alegre: "logo que avançou, começou por dividir a sua própria família política". Ora, caro António, uma candidatura presidencial faz-se de cidadãos, não de partidos, e é lamentável que Vitorino falhe em ver isso, ou prefira render-se aos tiques políticos correntes, às tantas por alguma fidelidade cega ao seu partido.

Mas a cereja no topo deste bolo já por si muito lamentável veio mesmo pelas palavras de Fernando Nobre, presidente da Assistência Médica Internacional e apoiante de Mário Soares, que justificou o seu apoio pela amizade que tem pelo ex-chefe de Estado, dizendo: "Os amigos vêem-se nas alturas difíceis". Os amigos, caro senhor, nada têm nem devem ter a ver com a política ou, como diz o adágio, amigos amigos, negócios à parte. Que a amizade entre pessoas (e não Estados!) não só seja vista como argumento válido na política, como é aceitável dizê-lo em alto e bom som com orgulho, é algo que faz com que uma pessoa comece a perceber porque é que em Portugal, uma vez atrás da outra ad nauseum, se quebra regulamentos, contorna-se a lei, viola-se legislação e planos de planeamento e ordenamento do território, não se aplica coimas, fiscais olham para o lado e tem-se concursos públicos dúbios ou mesmo fraudulentos: porque as pessoas ainda não perceberam que uma coisa é a excecução de cargos políticos e administrativos e outra as suas relações pessoais. Achegas, favores, cunhas, empurrõezinhos, isto são coisas de péssimos profissionais, pessoas que deviam, no minimo, ser demitidas, expulsas de campanhas e ordens profissionais e voltar para os bancos das escolas para (re)aprender uma quantas coisas. Já seria mau o suficiente se eles existissem escondidos e sorrateiramente, em Portugal eles vêm à televisão dizer que é isso mesmo o que fazem: tomam decisões e julgam certas coisas - coisas que não deviam! - por amizades, intimidades e relações de proximidade. Digno de um país de Terceiro Mundo, não haja dúvida!

Mas também, diga-se de passagem, da candidatura de Mário Soares talvez não fosse de esperar algo de muito diferente, porque este tipo de promiscuidade está ao nível do próprio candidato, ou não foi ele que nas últimos eleições internas do PS disse que ia votar no seu filho por este ser... seu filho? São palavras que demonstram faltam de maturidade política do D. Sebastião que Vitorino não admite. O que estava em causa na eleição do secretário geral - de resto, como em qualquer outra eleição - eram os projectos, as ideias, as visões, a capacidade do candidato em levar por diante as suas propostas, e não relações familiares. Com uma classe política assim, é de espantar o estado do país?

Sobra ao menos um pequeno pingo de bom senso na pessoa de Maria João Sande Lemos, que parece ter conseguido pensar pela sua própria cabeça, pois apesar de ser social-democrata decidiu-se por apoiar Mário Soares, em vez de deixar que o seu partido decidisse por ela e lhe sequestrasse direitos enquanto cidadã.

quinta-feira, dezembro 15, 2005

Com muitas saudades... :)

 

A sessão de Sexo e a Cidade foi das 22 horas até às 2 da manhã. Muito riso, muitos sorrisos, comentários ocasionais, alguns biscoitos à mistura, mas, quando veio o final do último episódio, um sorriso particularmente rasgado com um toque de nostalgia e saudades do pessoal :)



Para todos os meus amores e amigos, para todas as pessoas que me são especiais e que nunca se esqueceram de mim estando eu a milhares de quilómetros de distância, ou estando vocês ocupados com os estudos ou o trabalho ;) Porque nunca nos esquecemos uns dos outros (e erros do passado impedem que isso aconteça), para todos vocês e com a saudade a fazer das suas, tomem lá a letra da música que acompanha o final do último episódio do quarteto maravilha de Nova Iorque :)

Muitos beijinhos e abraços, muitos mesmo! Por esta hora daqui a quatro dias já estou a voar em direcção a Lisboa :D

Candi Staton - You got the love

Sometimes I feel like throwing my hands up in the air
I know I can count on you
Sometimes I feel like saying, "Lord, I just don't care"
But you've got the love I need to see me through.

Sometimes I see that the boy is just too rough
And things go wrong no matter what I do
Now it feels like life is just too much
You've got the love I need to see me through.

Sometimes I feel like throwing my hands up in the air
I know I can count on you
Sometimes I feel like saying, "Lord, I just don't care"
But you've got the love I need to see me through.

Time after time I say, "Oh Lord what's the use?"
Time after time I say, "This just won't do"
But sooner or later in life the things you love you lose
Just like before, I know I call on you.

I can't believe my palms, degrading friends of you
I can't believe my fire, oh Lord, what must I do
I can't believe what I caught up, master made me new
But you've got the love I need to see me through

Sometimes I feel like throwing my hands up in the air
I know I can count on you
Sometimes I feel like saying, "Lord, I just don't care"
But you've got the love I need to see me through

You've got the love, yov've got the love, you've got the love
You've got the love, you've got the love, you've got the love


Natal Internacional II

 

A um canto numa mesa havia uma pilha de caixas com jogos, todos de tabuleira com a excepção de um: o Twister!!! :D Enquanto alguns preferiam jogos de mesa...



...o pessoal do Mestrado de Estudos Vikingues e Medievais foi para o Twister :]

Para quem não sabe o que é, basicamente consiste num grande "tapete" com bolas de quatro cores diferentes e uma tábua dividida em quatro e com uma seta giratória; cada uma das quatro partes refere-se a um membro do corpo: pé direito, pé esquerdo, mão direita e mão esquerda. A seta diz-nos em que cor temos que pôr que membro, o que, passado algums minutos de jogo, dá numa embrulhada completa. Jogar isto com as pessoas cheias de óleo de bébé e debaixo do azevinho havia de ser interessante, LOL!



Ao princípio parece tão simples...



...e depois...estão a ver as posições em que eu tinha que me meter? E ainda não viram nada :p



Estão a ver porque é que este jogo consegue ser muito "arriscado"? LOL!



E fica cada vez mais complicado...



...com tanto esticar e cruzar de pernas e braços.



Ai este jogo deve ser muito interessante no calor do Verão e com um pouco de álcool à mistura, LOL!



Uma pessoa no final só quer é descansar e esticar as pernas e braços.

Pouco depois das 21.30, eu mais o Shane a Aylin despedimo-nos das pessoas, tomámos nota de alguns contactos e viemos a pé para Flogsta, onde nos esperava um último grande momento da noite: uma maratona de seis episódios de Sexo e a Cidade!!!! :D

Natal Internacional I

 

O mês passado, num encontro de estudantes que não correu muito bem porque não apareceu muita gente, eu mandei para cima da mesa - passo a expressão - a ideia de se organizar um jantar internacional com comida de Natal dos países de alguns dos estudantes. A coisa foi bem aceite e, ontem à noite, teve lugar no sítio onde tudo começou: a Nação de Småland! Se em Setembro eu soubesse o que sei hoje era capaz de me ter juntado a esta.

Às 3 da tarde vesti uma t-shirt, pus um avental e lá começei eu a cozinhar uns pateis de bacalhau a uma aletria na cozinha da nação, eu e outros estudantes estrangeiros, com a ajuda de dois cozinheiros residentes, o Erik e outro cujo nome eu não fixei (não faço a mínima porque é que me lembro do do Erik...cof!).



Uma estudante checa e uma das cozinheiras de ontem, de volta da sua salada de batata.



Uma estudante das Honduras, também cozinheira de serviço e de volta de...qualquer coisa com frango e passas que era embrulhada em papel de alumínio e que depois era cozida num tacho com água.



Lá pelas 19 horas, com uma hora de atraso - epá, nenhum de nós era cozinheiro profissional! - as pessoas que se inscreveram no Buffet Internacional de Natal puderam finalmente agarrar nos seus pratos...



...enchê-los de comida...



...e deliciarem-se com a imensa variedade que havia em cima da mesa. Os pasteis de bacalhau foram elogiados, assim como a aletria, por isso acho que me portei bem, lol. Presentes, para além da Aylin e do Shane, estavam pessoas de sítios tão diversos como o Canadá (ai o canadiano, LOL!), Japão, Brasil, África do Sul, India e, é claro, Suécia. Havia também um casal de estudantes gregos super queridos :)



Foram eles que falaram contigo, Fábio :) Ias gostar muito de os conhecer que eles são mesmo muito simpáticos. E olha que só quando ouvi a falar por uns longos minutos e depois do jantar é que me apercebi quão bonita a língua grega é. Mais uma para a lista das que quero aprender, lol. :]

Depois do jantar, de termos comido a aletria - em que até houve quem quisesse repetir - de conversado um pouco e levantado a mesa, passámos à segunda parte daquele Natal internacional: jogos! :p

Nobel e festa à lá islandesa

 

No dia 13 de Dezembro, dia de Santa Lúcia, é dia de Nobel em Uppsala: no edicífio principal da universidade, o laureado com o Prémio Nobel da Paz faz um discurso e responde a questão de um grupo de estudantes e professores. Este ano foi o Director Geral da Agênicia Internacional para a Energia Atómica, Mohamed ElBaradei. Infelizmente, esqueci-me de levar a máquina fotográfica, por isso não há imagens da coisa nem do interior do edifício, que é lindissimo! Vão ter que esperar até eu dar com alguém que tenha algumas (o que não deve ser muito dificil, porque havia lá imensa gente com máquinas fotográficas).

Entretanto, lá pelas 18.30 do mesmo dia, eu e uns quantos colegas meus fomos até casa do professor Heimir, o nosso tutor em islandês antigo e literatura antiga islandesa, para um jantar com ele e os alunos e professores do Departamento de Línguas. Para além do ambiente altamente acolhedor, a noite foi marcada por bom humor, boa comida, muita diversão, canções de beber islandesas e suecas, canções sobre a Santa Lúcia e, pelo meio, deu para conhecer umas quantas pessoas novas do mundo académico de Uppsala, nomeadamente excelentes alunos que, certamente, são futuros professores e investigadores.



O professor Heimir e a Aylin.



Eu e o Shane.



Um dos momentos mais insólitos da festa foi quando um grupo de suecos se meteu com uma dança típica das Ilhas Faroe, um pequeno arquipélago entre a Escócia e a Islândia e onde alguns deles já tinham estado. A dança consistia em dois passos para esquerda e um para a direita e era acompanha por uma canção em faroês que, naturalmente, eu não memorizei :p A dada altura, todas as pessoas do jantar estavam de mãos dadas a andar à volta da parte central da casa, por entre a voz sonante de alguns e os risos de outros.



Um dos alunos do Departamento de Linguistica. Estuda Linguistica Indo-Europeia Comparada e, como quase toda a gente naquela festa, é uma pessoa com quem se pode ter conversas super interessantes. Topem a bela da caneca que ele estava a usar, hehehe.



Outro estudante sueco de Linguistica, o Stefan. Este rapaz fala fluentemente ou conhece minimamente cerca de dezoito línguas, incluindo umas seis mortas, como o inglês antigo, irlandês antigo ou alto alemão antigo; também sabe faroês, dinamarquês, norueguês, islandês, finlandês, tem um alemão fluente e etcs. Crânio e muito jabardo, como se pode ver pela maneira como se atirou a uma das última panquecas, lol.



Fotografia de turma...mais ou menos. Atrás está a Aylin mais o Shane, à frente a Ragnheiður (a nossa colega islandesa) e a Alexandra. O gajo do lado direito não faço a mínima ideia quem seja...algum pendura, LOL!



Quando a festa terminou, já passava da meia-noite, houve uma after-party entre alguns de nós: eu, o Shane, a Aylin, a Ragnheiður e três estudantes de linguistica passeámos pela ruas de Uppsala, de nação em nação até acabarmos num pub muito britânico mesmo ao lado da Associação de Estudantes, onde falámos até às 2.30 e fomo-nos divertindo pondo música na jukebox que lá havia. Ouvir Joy Divison foi um momento delicioso e que eu tinha que partilhar com alguém de Alcobaça... não foi Henrique? ;)



A cambada do pub numa espécie de momento Kodac :p

Santa Lúcia

 

Sim, eu sei que tenho andado meio desaparecido e que não actualizava isto há uns dias, mas tenho-me desdobrado em jantares e festas de Natal, compras, aulas, trabalho e horas de estudo e, ainda assim, tentar falar nem que seja com algumas pessoas que estão aí em Portugal :) Agora é pôr muita coisa em dia, com muita fotografias e histórias à mistura, a começar por isto:

A santa é de origem italiana, a tradição foi importada no século XIX e, ainda assim, a Lúcia canonizada e de dia festivo a 13 de Dezembro é uma referência incontornável no Natal tradicional sueco dos nossos dias.

A celebração começou logo no domingo dia 11, num evento teve lugar na praça principal - a Stora Torget - e, para além de uma série de discursos em sueco, incluíu cânticos de Natal e a coroação de uma rapariga de Uppsala como a Santa Lúcia cá do sítio. Aplausos, mais uns cânticos e lá subiu ela para um carro puxado por cavalos e na companhia de outras raparigas vestidas de branco. Depois seguiu em procissão pela cidade. Ora vejam lá algumas fotografias:



Cavalinhos a postos...



... cânticos com as meninas de branco no palco e uma Lúcia santa já coroada com velas e pinheiro...



... e lá vai ela pronta para sair em cortejo pela cidade.

Por tradição, os suecos começam a celebração da noite de dia 12 - noite no sentido de por volta da hora de jantar, que aqui é normalmente pelas 18 ou 17 horas, lol. Os jovens, em particular, fazem da coisa um óptimo motivo para festa e borracheira, como a Lisa, por exemplo, uma rapariga sueca que mora aqui no corredor, mesmo ao lado do meu quarto: bebeu que se farta na véspera de dia de Santa Lúcia. A partir das 6 da manhã, os mesmos jovens -muitos provavelmente com uma directa em cima - vão porta a porta mascarados da dita santa e, munidos de bolos prontos a oferecer, cantam canções de Natal. À porta do meu quarto vieram bater pelas 7.30 da manhã e dei com este cenário:



Como podem ver (mais ainda se clicarem na fotografia para a aumentar) apenas um destes "foliões" era uma: a Santa Lúcia, precisamente, lá ao fundo com uma coroa de velas a sério na cabeça. Todos os restantes membros deste grupo profundamente embuido do espírito natalício - e também de umas quantas garrafas de álcool ou cervejas, suponho, lol - eram homens vestidos de mulher: nada como travestismo numa celebração cristã. E sim, viram bem: ao fundo do lado direito está um pai natal de viola na mão. Era o Magunus, um dos rapazes suecos que moram aqui no corredor, e era ele quem dava música, enquanto os outros davam as vozes. Tomem lá um exemplo de uma canção sueca da época:

Natten går tunga fjät
rund gård och stuva;
kring jord, som sol förlät.
skuggorna ruva.
Då i vårt mörka hus,
stiger med tända ljus,
Sankta Lucia, Santka Lucia.

A noite passa a passo pesado
à volta de pátio e lareira;
à volta da terra, o sol parte,
deixa os bosques tenebrosos.
Ali na nossa casa escura
aparece com velas acesas,
Santa Lúcia, Santa Lúcia.

Já agora, uma pequena curiosidade etimológica: note-se na relação entre as palavras "Lúcia", "Lúcifer" e lux, não a grande discoteca lisboeta da qual eu estou cheio de saudades, mas a palavra latina para luz. Apropriado para uma santa que é coroada de velas por altura do solstício de Inverno, não é? ;)

segunda-feira, dezembro 12, 2005

Renices

 

Porque os blogues também fazem anos, sopremos as velas de aniversário do Renas e Veados, que, felizmente!, comemorou dois belos anos de existência.



E digo felizmente por três motivos: porque 24 meses de vida é sinal de vitalidade e não de um mero interesse temporário de umas quantas pessoas que por acaso se juntaram, porque são um factor enriquecedor do mundo dos blogues portugueses e na luta por uma sociedade mais justa e menos discriminatória no que aos direitos das mulheres e dos homossexuais diz respeito (mas não só!) e, finalmente, porque me pregaram um susto do caneco!!! Por momentos pensei que tivessem declarado o óbito do blogue, pá! :p

Parabéns aos autores do Renas - Boss, hetero_doxo, miss detective, veado_, Waltz e Zun (e a Pagan também, suponho): nem sempre concordo com vocês, mas isso não elimina o facto de serem uma referência na blogo esfera. Continuem o vosso trabalho: a dar que ler e escrever, a opiniar, a contra-opinar, a acordar consciências adormecidas e a mobilizar!

domingo, dezembro 11, 2005

Caça-prendas ponto pt

 

Acordados e espevitados graças a uma boa dose de humor, três dos portugueses de Uppsala - eu, a Helena e a Rita - meteram-se esta manhã a caminho da estação de comboios da cidade. Destino: Estocolmo, à caça de boas prendinhas de Natal :)

Já de bilhetes comprados e à espera do nosso "quimboio", ainda houve tempo para um cafézinho e um delicioso bolo de canela sueco. Às 11.10 lá partimos de viagem em direcção à capital sueca, onde uma vez mais eu me apercebi que é uma cidade mais fria que Uppsala. De qualquer modo, assim que lá chegámos metemo-nos a caminho de Gamla Stan, a cidade antiga, onde, para além das ruas, cafés, bares e restaurantes pitorescos, se encontram concentradas imensas lojinhas para turista ver e deixar o seu dinheiro, lol. Mas ainda nem tinhamos entrado na ilha onde se encontra a coisa, quando demos de caras com isto:



É verdade! Este senhor de barba proeminente teve a "excelente" ideia de fazer aquecimento de tronco nu em plena rua de Estocolmo! E frio, não? :p Em poucos segundos era ver umas quantas pessoas a sacarem das máquinas fotograficas, eu incluido, LOL!

Já em Gamla Stan, a coisa tomou o desenvolvimento normal: de loja em loja, a ver coisas lindíssimas, giríssimas e, especialmente nas lojas com imensos peluches, super fofas! Eram o tipo de coisas que uma pessoa adoraria comprar aos sacos cheios, mas o dinheiro não dá para tudo, a prioridade no Natal é as prendinhas para os outros e eu na sexta-feira já tinha comprado umas coisinhas para mim :p Lá nos contivemos... pelo menos na maior parte dos casos :] Entretanto...



...deu-se o incrível! A Rita descobriu o Boda em Estocolmo, LOL! Assim se encerra uma questão que durante décadas tem atormentado milhares de jovens estudantes portugueses :p

A dada altura, umas quantas lojas depois, subimos uma estreita rua em direcção a uma feira de Natal que se encontrava numa das praças da cidade antiga:



Num cantinho da praça, havia uma barraquinha com uma roda a girar e enormes coisas...só depois nos apercebemos que eram barras de chocolate com um tamanho do caneco! Cada uma pesava dois quilos e de certeza que não tinham menos de meio metro de comprimento.



Tudo o que tinhamos que fazer para ganhar uma era pôr dez coroas na ranhura de um dos números à nossa frente e rezar para que fosse esse o que saísse na roda. Como se pode ver, eu escolhi o número vinte e cinco (olha lá a luzinha em cima acesa):



Passados uns minutos, por entre as nossas gargalhadas ante a ideia de podermos apanhar uma enjoadela de chocolate, a Helena gritou de alegria: tinha saído o número seis, precisamente aquele em que ela tinha apostado! :D Infelizmente, não sabiamos que os chocolates de meio metro só eram atribuidos aos números com a cor amarela, e o seis estava a assinalado como sendo azul... podiam ter-nos dito a coisa ao princípio, não!!!??? E basar, não? LOL! Ainda assim, deu para ter uma pequena amostra do doce sabor da vitória (literalmente):



Numa outra ponta da feira, outra preciosidade: póneis! :D Tão fofos! Dava vontade de levar um para casa, lol. Estavam lá para as crianças os poderem montar por cinquenta coroas e darem uma voltinha em cima deles. Os animais eram tão queridos, que quando a Rita se meteu a fazer festinhas no focinho de um deles, ele quis-lhe lamber a mão (lamber, não era trincar!). Pouco depois, apareceu um rapaz sueco que se meteu a dar uns petiscos ao pónei, momento que nós quisemos logo registar para mais tarde recordar (ai, rimou e tudo, lol):



Ainda na mesma feira, a dada altura demos de caras com uma barraquinha onde, por vinte coroas, as pessoas escolhiam um dos sacos que lá estavam e ficavam com o que estava dentro dele, sendo que todos os sacos tinham um prémio. Como a ideia estava gira e até era barato, 'bora tentar! Calharam-nos uns peluches meio catitas e que entraram logo para a fotografia num momento Kodac (reparem no sapo rosa entre mim e a Rita):





De volta à rua por onde tinhamos subido para a feira, entrámos num cafézinho que, como muitos dos cafés, bares e restaurantes de Gamla Stan, tem uma cave em pedra ou tijolo vermelho, com um ar muito medieval. Neste caso, segundo um papel que lá se encontrava, as paredes eram parte da antiga muralha de Estocolmo, o que explica os arcos emparedados em que a Rita reparou e que nos pôs a pensar se o sitio não seria a antiga câmara de um sistema de esgotos de há séculos. A descida, como podem ver, foi assustadora, quanto mais não seja pelos malditos degraus em que tropeçámos mais do que uma vez :p



Uma vez na cave, a Rita e a Helena alimentaram-se de uma bela refeição servida no local, enquanto eu comia as minha sandes e fruta meio à socapa e falavamos os três de coisas que eu na minha ingenuidade não percebi bem o que era, mas metia co...col...con... e testas e tal... LOL! Aos leitores deste blogue: foi uma piada privada, meus caros. Eu depois conto ;)

Mais umas quantas lojas, mais umas prendinhas e eis que damos de caras com um cruzamento muito interessante entre um estabelecimento de venda de recordações para turistas e uma sex-shop (oh yeah!). Por entre vacas e porcos voadores (verídico!) eu dei de caras com isto:



Então, alguém está interessado numa destas? São grandes, sempre em pé e obviamente gays, ou não tivessem as cores da bandeira arco-íris. Só não mexem sozinhas, com ou sem pilhas, LOL!



Ainda outra loja e eis que damos de caras com um pedacinho de Portugal em Estocolmo :]



Uma bonita vista de uma estreita rua de Gamla Stan à noite, com uma torre de igreja em pano de fundo. Eu disse noite? Ainda não passava das quatro horas da tarde! Entretanto, a precisar de descansar as pernas e de restabelecer energias, procurámos um sítio onde tomar qualquer coisita. Depois de termos entrado num bar irlandês onde as coisas eram mais caras que o meu trevo de quatro folhas com que eu vim ao mundo (LOL!), fomos a um bar que se identificava como sendo gay por uma bandeira arco-íris que tinha por cima da porta.



Mas um senhor bar gay! Tinha um ambiente acolhedor, descontraído e diversificado. Via-se todo o tipo de gente lá dentro, desde os dois rapazes abraçados ao grupo de amigos de ambos os sexos e passando por casais heterossexuais. Apesar de ser um local que se identificava com uma determinada comunidade, era, mais um espaço aberto a todas as pessoas, um que era de facto usufruido como tal por todos, o que me pôs a pensar no à-vontade com que cá se lida com a homossexualidade.

Já de compritas feitas e sempre a rir com qualquer coisa, saímos da cidade antiga e dirigimo-nos para a outra parte comercial de Estocolmo, a começar por uma praça que, disse logo a Rita, fazia lembrar o Rossio em Lisboa... que saudades! :) Lá encontrámos uma pequena pista para patinagem no gelo ao ar-livre...



... e, numa outra feira de Natal (eles cá têm-nas às mãos cheias e por todo o lado), uma rena :]



Às voltinhas de rua em rua, eis que demos ainda com as várias montras de uma única loja, excelentemente decoradas com bonecos que se moviam sozinhos e que recriavam cenas do imaginário popular natalício: os duendes, a chegada do Pai Natal à casa de alguém, os animais da quinta, a oficina no Pólo Norte onde são feitos os brinquedos e os seres da floresta. Está tudo em vários vídeos, eu depois mostro :) Entretanto também passámos por um dos ex libris de Estocolmo:



Depois dirigimo-nos à estação de comboios, de fachada devidamente iluminada...



... e passámos a porta para apanharmos o nosso de volta a Uppsala sob o olhar atento de dois pombos que andavam a voar dentro do edifício:



Agora já cá cantam mais três prendinhas, mas ainda falta comprar outras quatro e depois sim posso começar a fazer as malas: são só mais oito dias até apanhar o voo para casa!!! :D Sorte a das hospedeiras de bordo da TAP, que felizmente eu tenho com quem falar português cá em Uppsala, senão as saudades de falar a língua do D. Dinis e do D. Nuno Álvares Pereira iam ser tais que as mulheres iam ter que me aturar a viagem toda, LOL!

Beijinhos e abraços a todos! Mal posso esperar por voltar a ver o pessoal de Alcobaça, Nazaré e Lisboa :) Adoro-vos!!!! :)