quarta-feira, fevereiro 22, 2006

Semana da Galiza

 

Apesar do que os devaneios franquistas em Espanha e o políticamente correcto em Portugal possam levar a pensar, a verdade é que os portugueses e os galegos, mais do que irmãos, são povos gémeos. Isto porque a ascensão do Condado Portucalense à categoria de reino independente em 1143 foi o culminar de um processo de autonomização daquilo que era na prática a Galiza sul. Por outras palavras, nós portugueses nascemos como galegos que constituiram a sua própria autonomia. De tal modo que a língua falada dos dois lados do rio Minho era o galego-português, a língua comum usada pelo povo, feita idioma oficial do reino por D. Dinis e na qual ele próprio escreveu, uma língua distinta do leonês (hoje também conhecido como mirandês) e do castelhano.

Malgrado o que o nacionalismo espanhol e a falta de vontade em Portugal possam ter feito, os laços que nos unem à Galiza continuam vivos - incluindo o uso do galego-português moderno a norte do rio Minho - mas são laços que precisam de ser nutridos, revigorados e mantidos pelo trabalho tanto dos galegos, como dos portugueses. Entre os dias 18 e 26 de Março, vai ter lugar em Braga algo que contribui para esse esforço: a Semana da Galiza!

O evento é organizado pelo núcleo de Braga da ATTAC-Potugal com a participação da Associação de Amizade Galiza-Portugal e do Movimento de Defesa da Língua. Podem ver o programa clicando nestas duas imagens para as maximizar:

A partir de sexta-feita poderão encontrar informação no Portal Galego da Língua. Pessoal, 'tá a passar a palavra; rumem a Braga, caso morem na região ou possam deslocar-se desde partes mais distantes do país. Há que nutrir os laços com os nossos irmãos!

E se têm dúvidas que a língua própria da Galiza é outra que não o castelhano ou acham que uma pessoa vinda de Portugal deve ter dificuldades em entender o galego-português, pois bem, vejam esta entrevista ao Carlos Figueiras do Movimento de Defesa da Língua, transmitida no dia 7 deste mês na TV Galicia:



A língua que o Carlos usa é o galego-português: digam lá se a Galiza não merece um lugar reconhecido na lusofonia?

4 Comments:

Blogger papoilasaltitante disse...

Adorei a entrevista... os galegos muitas vezes são mais conhecedores da cultura portuguesa do que muito português. Dos melhores programas de música que tenho visto são muitas vzes transmitidos na TVG.. ainda há pouco tempo postei no meu blog sobre um concerto do João afonso que vi na TVG e nunca tinha visto nada do género em nenhuma TV nacional!
Cada vez mais eles estão próximos de nós .. eu sou telespectadora de muitos dos programas da TVG... e cada vez descubro mais e mais afinidades!

9:33 da tarde  
Anonymous Anónimo disse...

Irra q é Galego!!!
É lá! Alto e pára o bailarico!!! Tá bem, o D. Dinis versejava umas quadras pra umas cortesãs depois da missa das 9 na sé velha, isto qd ia de viagem aos verdes campos do Mondego aliviar a bílis e dar tratamento pra cirrosse, mas ñ vamos confudir o cú c/ as calcas (quero dizer calças mas estes comp suecos ñ tem c/ cedilha). O português só se desenvolveu plenamente como a lingua q conhecemos hoje depois do Sá de Miranda ter feito o primeiro soneto (copiado) do Petraca, pra masi refinado de latinismos já esquecidos q depois se apegaram à lingua pátria, e do nosso Luiz Vaz ter andado ao mergulho nos marés de Mocambique agarrado ao calhamaço dos Lusiadas à falta de boia de salvação do instituto de socorro a naufragos, mas o Galego é Galego (a ñ ser q eles queiram assinar a convencão Luso-Brasileira, q tb ninguém usa) e o Português é o Português, última flor do Lázio, assim nomeada tão amenamente pelo Olavo Bilac - atencão, ñ tou a falar do gajo monhé c/ rastas q tem uma boys-for-girls-band. Ok, podemos ser tds mt amiguinhos, mas eu gosto da minha cultura c/o é, cheia de galicanismos, arabismos, maneirismos... mas inda assim única.

2:23 da tarde  
Blogger Héliocoptero disse...

E enquanto o português a sul do rio Minho continuou a sua evolução como cultura erudita, a norte, na Galiza, ele foi preservado na cultura oral, já que a forma escrita foi tomada pelo castelhano, que substituiu o galego-português como língua literária.

O idioma defendido pelos reintegracionistas é precisamente essa língua que sobreviveu na oralidade, recuperada da influência massiva do castelhano e a receber, de novo, uma forma escrita que o aproxima do tronco linguistico de que sempre fez parte - a lusofonia - rejeitando uma grafia castelhana que usa "ñ" e "ll" em vez de "nh" e "lh", por exemplo.

E a Galiza não só foi convidada, como esteve presente nos encontros do Acordo Ortográfico do Rio de Janeiro em 1986 e Lisboa em 1990.

3:07 da tarde  
Blogger Paralaxe disse...

Amigo Heliocoptero,

Para poder partilhar ainda mais a experiência da sua estada (ou estadia..??) na Suécia, coloquei o seu blog no Directório PARALAXE, agora com site próprio em http://www.grupo-paralaxe.net/Joomla , onde vou colocar temas sobre Universo Lusófono, Língua Portuguesa e Solidariedade.
Se tiver conhecimento de algum blog não listado na listagem principal (alfabética), por favor informe para o incluir também.
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Bons estudos e "postagens" e...
Um abraxe do Paralaxe

1:41 da tarde  

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