quinta-feira, março 16, 2006

Outra coisa sueca

 

No seguimento do comentário da Rita na entrada anterior, veja-se uma outra coisa sueca: economia livre de petróleo! Põe os olhos nisto, Sócrates!

"A Suécia (9 milhões de habitantes) planeia estar completamente independente do petróleo dentro de 15 anos: a aposta centra-se totalmente no desenvolvimento de energias renováveis e exclui a construção de mais centrais nucleares.

O conhecimento de que as reservas de petróleo são limitadas, que em breve começarão a escassear, e que a subida do preço do petróleo provoca recessões económicas a nível global, não é uma recente descoberta sueca: até os governantes portugueses sabem isto. Mas os suecos vão para além da teoria, promovendo uma Comissão de Energia que reune académicos, industriais, agricultores, funcionários públicos, cidadãos em geral, a qual reporta directamente ao Parlamento Sueco. O objectivo: criar a primeira economia do mundo livre de petróleo.

A economia sueca foi especialmente abalada pela subida dos preços do petróleo nos anos 70. Abaladas, foram de facto todas as economias, mas só a sueca reagiu no sentido de inverter a repetição do fenómeno: hoje a dependência do petróleo na Suécia situa-se sobretudo ao nível dos transportes; a electricidade já tem origem hidroeléctrica ou nuclear, enquanto que o aquecimento (e as casas suecas, ao contrário das nossas, são realmente quentes todo o ano...) é feito a partir de energia geotérmica e combustão de resíduos.

Entretanto em 1980 um referendo (sim, os suecos votam estas coisas...) decidiu acabar com a energia nuclear, pelo que os dois grandes objectivos energéticos do governo sueco são a independência a prazo do petróleo, mas também da energia nuclear. E a solução passa por explorar os recursos locais. Os incentivos à indústria são também essenciais: por exemplo, neste momento o governo sueco trabalha com empresas como a Saab e a Volvo no sentido de que estas desenvolvam carros e camiões que circulem a a etanol e outros biocombustíveis.

A importância de uma estratégia nacional para a energia é fundamental. Não só ao “escolher” as principais fontes de energia nacional, como ao promover o investimento individual dos próprios cidadãos. E esta promoção pode ser feita pela negativa (por exemplo taxando mais aquilo que vai contra os desígnios nacionais), ou pela positiva (por exemplo comprando excedentes de energia a produtores individuais). Peguemos neste último exemplo: a energia produzida por painéis solares tem obviamente picos a meio do dia e quando o sol é mais intenso: nessa altura um indivíduo com um painél solar no telhado produz muito mais energia que a que precisa. Mas essa altura coincide também com um pico no consumo geral da sociedade: é o momento em que escritórios e fábricas laboram. A coisa parece ter uma solução óbvia: o cidadão vende o excesso para a rede nacional, e a rede nacional fica toda contente por ter acesso a energia renovável na qual não teve que investir. Na Califórnia, ao contractualizar a compra de energia à rede nacional o cidadão pode determinar que uma parte tenha origem renovável (o que obriga logicamente à existência de um mercado para energias renováveis).

Em Portugal os cidadãos que investem em energias renováveis por sua conta e risco são ludribiados por governos que fogem a compromissos (Santana Lopes anulou o preço fixo de compra de energia por parte da EDP) e que claramente não possuem visão de futuro: para Sócrates, os nós de captação de energia na rede nacional estarão saturados até daqui a não sei quantos anos! Isto é, telemóveis e microsoft precisam dum choque tecnológico em Portugal, mas aumentar os nós de captação é um problema tão complicado que só daqui a anos...

Nós não temos que imitar a Suécia: a Islândia está a apostar na alimentação de carros e barcos com hidrogénio, e o Brazil apostou no alcool produzido a partir da cana do açúcar. O segredo está justamente em apostar nos recursos próprios em vez de comprar os dos outros. E nós temos sol a rodos, vento, marés que nunca acabam..."



Texto retirado do Blogo Social Português

2 Comments:

Blogger papoilasaltitante disse...

Excelente post, sabes que vi há pouco tempo na dois que há uma empresa apostada em novas descobrir novas tecnologias de paroveitamento das ondas do mar para produção de energia!!
Querem ser uma empresa de vanguarda nesse aspecto!
É disso que Portugal está a precisar, não de importar coisas de fora mas como tu dizes no teu post... temos sol a rodos, vento e marés que nunca acabam!...
Bjs
Marisa

9:35 da tarde  
Anonymous Anónimo disse...

Boa noite, Helio.
Meu nome é Luiz, tenho 18 anos e sou de São Paulo, no Brasil.

Estava procurando informações sobre Uppsala etc., e encontrei seu blog ;)

Tenho muita vontade de conhecer o lugar, aprender sueco, conhecer a universidade e quem sabe ficar um tempo por aí...

Gostaria muito de poder conversar com você. Como posso entrar em contato mais diretamente? E-mail, messenger...?

Enfim, meu e-mail é maksemovicz@gmail.com

Até logo, tudo de bom pra você por aí.

2:28 da manhã  

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