quarta-feira, agosto 31, 2005

Para o descampado...

 

Amanhã vou mudar de residência: saio da pousada em pleno centro de Uppsala para um hotel de estadia longa a 10 quilómetros da cidade. Sinceramente, não sei o que pensar ou esperar: aquilo parece ter grandes condições, mas fica em cascos de rolha; o cenário é bonito, mas não dá muito jeito quando se está a estudar numa universidade. Como se não bastasse, ainda tenho que andar coisa de 800 metros desde a paragem do autocarro até ao maldito hotel por uma estrada de campo. Mas não obstante os problemas que aquilo pode ter uma coisa é certa: ou vou para lá, ou não fico cá e não tirar este mestrado depois de todo o investimento que eu e os meus pais fizemos nele não é uma opção.

Para reduzir o gasto de viver naquele sitío que lembra a casa do Courage, the Cowardly Dog (in the middle of nowhere), decidi comprar uma bicicleta em segunda mão, porque tem diversas vantagens sobre o passe de autocarro. Em primeiro lugar, o preço: um passe custa 500 coroas (cerca de 54 euros), uma bicicleta em segunda mão entre 600 e 1000 coroas (64 e 107 euros) e enquanto o passe serve apenas para trinta dias, a bicicleta tem uso o ano inteiro em que eu cá vou estar. Além disso, posso vendê-la de volta à loja antes de partir, coisa que não posso fazer com o passe. Para mais, Uppsala e os arredores estão preparados para o uso de bicicletas com uma extensa rede de ciclovias que abrange as aldeias vizinhas e eu estou habituado a fazer dez ou mais quilómetros: fazia-o em Alcobaça e o terreno aí não é quase todo plano como cá. A bicicleta também me dá maior liberdade por não estar dependente dos horários dos autocarros e sim, todas elas estão preparadas para condução nocturna com os devidos reflectores atrás e luz à frente, ou não fosse este um país onde no Inverno anoitece muito cedo. Finalmente, comprar uma bicicleta era uma coisa que eu ia fazer mais tarde ou mais cedo, por isso não é nenhum investimento inesperado. O uso do autocarro fica, assim, confinado a alturas específicas, como dias de chuva intensa.

Amanhã, entretanto, tem lugar o registo no curso. Tenho que ir ao gabinete da Eva-Lena Wahlberg às 2 horas da tarde e levar a papelada toda que é precisa, incluindo o meu cartão temporário de membro da Nação de Upland que prova que eu paguei a inscrição na mesma e na Associação de Estudantes (custou 400 coroas, cerca de 43 euros). É a coisa mais parecida que eles têm com as propinas porque essas, nas terras da Suécia, não existem :p

Bem, não sei que mais dizer. Desconheço se no Hotel "Cu-de-Judas" vou ter ligação à internet, por isso não sei quando é que vou voltar a actualizar o blogue ou a ver-vos no MSN. Não se admirem se eu desaparecer por uns tempos. Até lá, fiquem com mais umas quantas fotografias de Uppsala, a cidade do Freyr :p



Espectáculo que estava a ter lugar ontem à noite em frente à catedral. Parecia a encenação da coroação de um rei, às tantas do Gustavo Vasa, pelo menos a julgar por alguma da indumentária e a barba que o actor usava.







O edifício dos serviços académicos. Chamam-lhe a Casa do Escândalo, não porque tenha sido palco de um qualquer negócio típico de um bairro da luz vermelha, mas porque, quando foi construído, ficou mais alto que o edifício principal da universidade que é mesmo em frente.



A Igreja da Santíssima Trindade, a poucos metros da Catedral, numa praça e jardim ao lado.



Stora Torget. Esta praça é o centro nevrálgico de toda a rede de transportes rodoviários urbanos de Uppsala, tanto que é dos poucos espaços da cidade onde as bicicletas não podem circular.



Nação de Norrland. É a maior de todas com um total de 7000 membros!

terça-feira, agosto 30, 2005

Välkommen till Uplands Nation!

 

Hoje jantei de graça, oferta de boas vindas da Nação de Upland a todos o seus novos membros, suecos e estrangeiros :)

O evento estava marcado para as seis horas da tarde. Pensei tratar-se do hábito sueco de jantar cedo (segundo o padrão português), mas, afinal, a coisa foi pensada de um modo bem mais abrangente: não era só um jantar, mas também uma visita guiada pelos recantos do edifício (com a devida apresentação de todos os que por ele se movimentam), uma actuação da banda da nação (a versão local das tunas e com a mesma dose de loucura :p) e a apresentação de associações e organizações da cidade que se dirigem aos estudantes, ou estão disponiveis para os ajudar.



Começou precisamente por este último ponto. Com todas as pessoas sentadas em duas longas mesas no salão principal, ouvimos representantes de, por exemplo, uma associação mundial de estudantes que proporciona estágios para a formação de futuros líderes, uma representante da FUGS (associação local de estudantes gays), da Igreja Luterana Sueca (representada por três mulheres, todas elas sacerdotes) e de activistas de uma campanha pelo uso do preservativo. Aliás, duas raparigas à entrada do salão entregavam uma "borrachinha" e um panfleto informativo a todos os que entravam. Mais à frente ainda conhecemos duas responsáveis da nação pela protecção dos estudantes em caso de tentativas de abuso ou assédio. O nível de organização destes suecos impressiona-me!

Depois seguiu-se a visita guiada, com todos os estudantes estrangeiros num mesmo grupo e liderados por uma das raparigas do gabinete internacional da nação. À minha volta estavam italianos, franceses, uma alemã (com falei a maior parte do tempo), dois americanos e alguns orientais, quiça japoneses, mas não tenho a certeza. De portugueses ainda nem sinal. Foi nesta volta pelo edifício que pude, pela primeira vez, irar uma foto do pequeno jardim nas traseiras:



É aqui que vamos fazer um piquenique em Setembro ou, caso esteja a chover, vamos a umas piscinas locais. O jardim tem três estátuas. A primeira, pelo que me disseram, representa a maternidadena na figura de uma senhora com aspecto reverenciável; a segunda, pequena e ali pelo meio das cadeiras brancas, é um alce de cabeça virada para trás (anatomicamente impossivel, mas artístico); a terceira, a mais alta de todas, mostra o titã Prometeu e a águia que lhe devora o fígado todos os dias. Há também um bar exterior e, como podem ver, uma esplanada onde se toma uma bebida ou mesmo refeições completas. Depois ficámos a conhecer o bar nocturno numa das caves e outro bar no piso superior, onde nos foi apresentado o responsável pelas actividades desportivas da nação, também ele um dos tutores no curso de barman e serviço à mesa; ainda duas salas de convívio, uma delas com jogos de tabuleiro e serviço de bar disponíveis, as três dirigentes máximas da nação, a responsável pelas actividades culturais (tais como visitas guiadas, idas a museus e espectáculos, etc.), os responsáveis pela discoteca e pelos ciclos de cinema, as líderes do coro, a pequena biblioteca, a cozinheira e ainda as duas mentes por detrás do clube de teatro da nação. Acrescente-se que estas duas últimas pessoas fizeram-nos entrar todos na casa de banho das mulheres para se poderem apresentar, LOL! Vê-se logo que têm uma pancada muito própria.



De volta ao salão, sentei-me ao lado de um dos rapazinhos que nos foi apresentado e com quem falei e ri longamente durante o jantar ;) Seguiu-se uma actuação da banda e depois passaram-nos uns papeis para a mão: era a letra do hino da nação (em sueco, naturalmente). Meio atrapalhado e depois de treinar a pronúncia com a ajuda do rapaz que estava ao meu lado, lá cantei quando chegou a ocasião. Depois, finalmente, veio a bebida e comida: cidra de pêra (fui eu que escolhi) e lasanha vegetariana com salada.



Os meus parabéns à simpática cozinheira: a refeição estava muito boa :p Depois de acabar de comer ainda tive mais dois dedos de conversa com a alemã e os dois suecos que estavam ao nosso lado. Um foi o que ajudou com o hino, o outro adora South Park e ambos são bastante simpáticos. Vamos bem :)



Sinceramente, gostei daqueles três horas acolhedoras: dois polegares para cima para a Nação de Upland! Vai ser minha terceira casa aqui em Uppsala: a primeira será obviamente o sitio onde eu vou morar, a segunda será o meu departamento (nomeadamente a biblioteca), se bem que aos fins de semana esta última pode passar para terceiro plano, hehehe. E a cidra de pêra...ui! :p

domingo, agosto 28, 2005

Nações candidatas

 

Depois de passar horas e horas na internet a ler páginas em sueco com a ajuda de um tradutor online (ranhoso, como todos os do mesmo género), depois de ter tomado páginas de notas e de ter desfolhado vezes sem conta a lista de nações no Guia Internacional de Estudantes e, por fim, depois de ter passado a vista pelos programas e cartazes expostos à porta de umas quantas delas, eis que, até que porra de enfim, reduzi o número de candidatas das trezes existentes para apenas quatro resistentes:



Da esquerda para a direita: Upland, Gotemburgo, Östgöta e Värmland (brasões das regiões).

A da casa (Upland, onde fica Uppsala) vai ser a primeira que eu vou visitar amanhã de manhã para recolher informação, como que actividades é que o clube de desporto disponibiliza e qual o tipo de música predominante no clube nocturno da nação. Às tantas ainda não vai ser nenhuma destas e acabo na de Estocolmo, LOL! Eu depois digo qual a "vencedora" :p


Actualização de Segunda-feira, 29 de Agosto:
E a vencedora é....



...Upland! De desporto não tem grande coisa e, pelos vistos, nenhuma das nações tem (o guia de estudantes é enganador) e quanto à discoteca da nação - onde eu entro de graça por ser membro - não anda muito longe da generalidade da oferta por estes lados. Para as noites mesmo boas paga-se para entrar e a diferença de preço entre membros e não-membros é marginal. Por outro lado, Upland organiza viagens pela Suécia, piqueniques, oferece algumas bolsas, tem um fantasma no piso de cima (é o que consta, LOL!), um jardim todo catita, jogos tradicionais suecos e, para quem quiser trabalhar lá e ganhar uns tustos, tem cursos de barman e de serviço à mesa (vou-me lembrar tantas vezes de ti, Zezinho, lol). E depois é a da região de Uppsala e eu, como não se sou de parte alguma da Suécia, mais vale juntar-me à nação da área onde estou a estudar e a viver durante um ano: em Roma sê romano, em Upland sê uplandês, lol.

Daqui a umas semanas tenho o meu cartão de plástico todo pipi :p

sábado, agosto 27, 2005

...durante a churrascada

 

Para o churrasco levei uma embalagem de 10 salsichas, uma cola, pão de forma e um pacote de batatas fritas. O jardim atrás do Ekonomikum é grande, por isso espaço para o pessoal é coisa que não faltava.





Deviam estar lá coisa de cento e tal estudantes. Estavam lá as três inglesas, o Owen e ainda três raparigas australianas que eu passei a conhecer. Ao longo de um dos trilhos encontravam-se pequenos recipientes de aluminio com carvão e grelha para nós podermos cozinhar as nossas coisas: carne em várias formas e tamanhos, tomate, pepino, torrar pão...havia de tudo. Eu e uma das inglesas, a Amie, entregámo-nos à tarefa de tornar as salsichas comestíveis, o que deu azo a uma série de piadas com um je ne sais quois sexual, LOL! Que malandrecos que nós somos :p Já a comer e em anema cavaqueira, o sol a esconder-se atrás da colina e o vento rio fizeram descer a temperatura e eu, como tinha apenas uma camisola fininha vestida, enrolei-me no casaco da Amie (que sexy que eu estava, lolol):









Havia também um cantinho com um jogo tradicional sueco (não cheguei a experimentar, mas haverá uma próxima vez) e outro com futebol. Já a Amie e eu tinhamos outro passatempo que consistia em tirar fotografias "inocentes" ao que estava em segundo plano: olha que dois que se juntaram :p A título de exemplo, veja-se a seguinte fotografia:



Em primeiro plano está a Amie, toda sorridente, com uma enorme vontade de rir. Lá atrás, do lado direito e de t-shirt rosa, está o Christian, o nosso guia da outra vez. À esquerda, de colete preto, encontra-se a nossa vítima, um rapaz inglês com quem a Amie meteu conversa mais tarde. A rapariga é todo dinâmica: you go, girl! ;)

A propósito, ela e uma das australianas meteram-me a alcunha de Budgy, uma coisa derivada da dificuldade que as pessoas têm em pronunciar o meu nome. Mas isso fica para outra entrada. Entretanto tenho que me ir deitar que amanhã tenho mais uma fika, desta vez na Nação de Kalmar onde estive esta noite com a rapaziada toda. Abraços e beijinhos para todos :)

Antes da churrascada...

 

Hoje acordei tarde. Enfim, deixei-me arrochar na cama por um bocado e acabei por me levantar perto do meio-dia (das outras vezes tenho acordado por volta das 8 ou 9 da manhã). Esperava-me um churrasco nos jardins atrás do Ekonomikum (Faculdade de Economia), organizado pela Associação de Estudantes como parte da Semana Internacional para dar as boas vindas e integrar os alunos estrangeiros. Mas como era só pelo final da tarde, eu acabei por ir dar uma grande volta para tirar mais umas fotografias.

Começei por me dirigir às nações mais a sul, Västgöta e Östgöta. A primeira já foi referida anteriormente, a segunda é, de momento, o candidato mais provável à minha inscrição: pelos vistos tem noites que fazem lembrar o Lux, inclusive no que ao ambiente gay diz respeito, LOL! :p Segunda-feira vou lá para pedir mais informações a respeito das actividades e condições de estudo deles para ver se me decido: tenho até dia 31 para me inscrever numa das nações.



Depois apanhei a rua onde tirei a foto do corvo pequeninho e meti-me pelo parque da colina do castelo, completamente repleto de árvores e trilhos pedonais e/ou para bicicletas.



Já lá em cima, tive a minha primeira vista do pátio da fortificação e de Uppsala de um ponto alto. Qualquer dia faço uma visita completa ao castelo e dedico uma entrada inteira a ele, mas o passeio de hoje foi apenas geral e, por enquanto, vamo-nos ficar por um vislumbre dos sítios. A terceira fotografia, tirada da colina do castelo, mostra os jardins do mesmo e, em segundo plano, o Jardim Botânico da cidade.







Depois desci um pouco e fui ver a catedral com maior atenção, andando à volta dela, mas sem entrar (ainda). Os detalhes de algumas partes do exterior são, de facto, lindos e, como se não bastasse, descobri que também a catedral tem pedras com inscrições em runas à volta dela. Ai que eu vim mesmo para o sítio certo, lol :p







Seguiu-se o caminho para o Ekonomikum. Pelo meio havia o Observatório Astronómico (primeira foto) e o Musikum ou Escola de Música (segunda foto):



sexta-feira, agosto 26, 2005

Xaxaaan :)

 



O ambiente de trabalho do meu portátil :)

quinta-feira, agosto 25, 2005

Por aqui, por favor.

 

Hoje fiz a boa acção da semana. Comecei por me levantar às oito da manhã, estranhamente sem grande esforço, e tomei o pequeno-almoço. Depois vesti-me e meti-me a explorar algumas ruas da parte oriental da cidade. Hoje, para além da descida de temperatura, choveu de vez em quando, com intervalos em que parava e outros em que a água caía com grande intensidade. Ainda assim, as pessoas continuavam a andar de bicicleta (resistentes!).

De volta a casa para o almoço, enquanto estava arranjar a comida meti-me a ler numa das mesas da cozinha. Apareceu um rapaz francês que também está na pousada e, disse-me ele, estava com ideias de fazer o mesmo mestrado que eu, mas que não tinha conseguido concorrer a tempo este ano. Eu mostrei-lhe a lista da bibliografia básica, já que ele estava interessado em ter uma ideia. Lá pelas 13.40 saí de casa em direcção à Associação de Estudantes para mais uma das actividades da Semana Internacional: uma fika. Diz a definição no programa de actividades que consiste essencialmente em conversar enquanto se bebe um chá ou um café, talvez acompanhados por uma sandes ou umas bolachas, e que o importante na fika é simplesmente falar, sobre tudo ou sobre nada, em qualquer altura do dia. No meio da coisa conheci três australianas, uma neo-zelandesa e quarto alemães. Um deles apareceu tipo de pára-quedas. Tinha ido lá para arranjar o cartão de estudante provisório e, como estava no sítio errado, eu decidi levá-lo até à Nação de Västgöta, até porque também já estava farto da fika: dezenas de pessoas numa cozinha e ainda por cima a beber chá é calor a mais para mim! Depois ainda mostrei ao alemão onde era o banco que ele procurava (o mesmo onde eu abri a conta), o Burger King, a loja da Vodafone, a Biblioteca da Universidade e a Faculdade de Economia (o Ekonomikum). Estou cá há apenas 3 dias e já ando a fazer visitas guiadas, hehehe. A caminho de casa dei de caras com um caracol sueco (era grande, o malandro).

Bem, já chega de conversa. Vamos a mais umas fotos de Uppsala :)







A Nação de Estocolmo.







Um corvo novinho. Há imensos por cá, andam pela cidade como os pombos em Portugal e alguns deles são enormes, tipo coelhos. Ver se tiro uma foto a um.

quarta-feira, agosto 24, 2005

Olha o "stôr"!

 

O dia de hoje resumiu-se a compras e aos primeiros contactos com o mundo universitário de Uppsala, tanto alunos, como professores.

Começou com uma gaffe típica de aluno estrangeiro acabado de chegar: entrei numa loja a pensar que era um supermercado (por causa dos carrinhos de compras à porta) quando, afinal, era apenas uma loja de brinquedos :p Depois de perguntar a um nativo lá descobri onde comprar comida. Foi aí que constatei em primeira mão o preço das coisas na Suécia. Por exemplo:

Pacote de 1 litro de leite (ecológico) – 8.80 Kr.................0.95 euros
Manteiga – 12.90 kr............................................................1.40 euros
Lata de feijão – 7.90 kr.......................................................0.85 euros
Champon Fructis – 25.90 kr..............................................2.80 euros
4 maçãs (600 gramas) – 7.79 kr........................................0.84 euros

Ok, eu estou espantado. Ou fiz mal as contas ou já não me lembro bem quanto é que as coisas custam em Portugal, porque tudo isto parece-me barato e eu sempre ouvi dizer que na Suécia a comida é cara. Às tantas tive sorte e acertei no minipreço da àrea, lol.

Mais tarde dirigi-me à Biblioteca Universitária para a partir de lá conseguir chegar ao meu departamento, o de Arqueologia e História Antiga. Por detrás da biblioteca fica um jardim repleto de árvores (muitas aveleiras, Miz!), o Engelska Parken (Parque Inglês) e logo a seguir fica o Centro Humanístico.







É no edifício número dois do Centro que se encontram os gabinetes dos meus professores e coordenadores e as salas onde terei muitas das minhas aulas. Conheci o Dr. Lars Karlsson, director de estudos do departamento (pensou que eu era americano por causa do meu inglês, lol) e a Eva-Lena Wahlberg, administradora do curso, ou seja, é quem trata da papelada. Baixinha e super simpática, esta senhora cuja especialidade é Egiptologia foi uma ajuda imprescindível em todo o meu processo de candidatura, sempre pronta a indicar quais os passos a tomar. Agradeci-lhe e ela retribui mostrando-me o gabinete dela (do tamanho de uma sala de estar em Portugal, mesmo ela acha-o enorme e diz que até podia dormir lá dentro, lol) e levando-me numa visita guiada à biblioteca do departamento (tem o nome de uma poetisa sueca que estudou em Uppsala, Karin Boye).

Em frente à entrada do Centro fica o cemitério antigo de Uppsala (o novo é mesmo ao lado). Segundo a Eva, uma aluna disse-lhe uma vez que aquela visão fazia-a pensar que não valia a pena estudar, LOL!



Depois dirigi-me a um banco para abrir uma conta e ainda a uma das nações. As nações, diz o Guia Internacional de Estudantes, são clubes que datam do século XVII e cada uma tem o nome de uma região da Suécia, sendo essencialmente para estudantes oriundos de cada uma delas. Têm bares, salas de estudo, lazer e convívio, bibliotecas, orquestras e coros próprios, clubes de uma catrafada de coisas que vai desde o teatro e dança, passando por desporto e mesmo teologia ou fotografia, incluindo estúdios devidamente equipados para revelação. Oferecem jantares e almoços, organizam festas e bailes, jogos ao ar livre, visitas guiadas pela Suécia, viagens para fora do país e algumas das nações têm oradores convidados todas as semanas para um debate ou uma reflexão sobre um determinado tema. Os estudantes estrangeiros, como não são originários de nenhuma das regiões suecas, podem escolher qualquer uma das nações. Neste momento, grande parte da coordenação da semana internacional está a ser feita na de Västgöta (fundada em 1639) e todos os eventos têm basicamente três objectivos: 1) dar-nos as boas vindas, 2) integrar-nos na vida em Uppsala, estudantil ou não, mostrando-nos como funcionam e onde se encontram as coisas e 3) ajudar-nos a escolher uma nação, sendo que a inscrição numa implica também a inscrição na Associação de Estudantes (de resto, obrigatória, porque sobre ela recai a responsabilidade pelos alunos). Temos até ao final do mês para nos decidirmos, uma vez que o cartão de estudante é o da associação. Sem ele não nos podemos inscrever no curso ou aceder a qualquer serviço que funcione com base no estatuto de estudante, mas, enquanto não me decido, tenho um simples cartão temporário (uma coisa rosa de papel).



Da porta da Nação de Västgöta (na foto acima), eram três da tarde (menos uma hora em Portugal), partiram três grupos para uma visita guiada pela cidade. O guia daquele em que eu me encontrava chamava-se Christian, um rapazinho alto, loiro e de olhos azuis (claro!), assim meio atrofiado, mas simpático, o que lhe dava um arzinho querido no seu andar e fala em inglês meio atrapalhada, lol.



Ele mostrou-nos a localização dos edifícios das nações (têm sedes próprias, casas inteiras com vários pisos), dos serviços administrativos da universidade, as faculdades, bancos, principais ruas e diversas lojas, inclusive uma de bebidas alcoólicas. Pelo meio encontrei o rapaz que vinha ao meu lado no autocarro do aeroporto (o tal que estava a ocupar o lugar junto à janela): chama-se Owen, é irlandês e está cá em Erasmus. O Christian contou-nos algumas histórias interessantes como, por exemplo, que quando no século XIX a Universidade de Uppsala fez 400 anos o governo sueco ofereceu aquele que é actualmente o edifício principal, mas na comemoração dos 500 anos a prenda foi bem mais modesta, ficando-se por um tapete de parede, lol.



Às seis horas da tarde abriu uma noite de festa no bar da Nação de Norrland. Lá encontrei o Owen e mais pessoal que tinha estado na visita guiada: três inglesas e uma holandesa, esta última também a tirar mestrado. Sentados e em amena cavaqueira, foram-se juntando mais pessoas à nossa mesa (metiam simplesmente conversa): duas suecas, um polaco, uma alemã e, mais tarde, dois australianos e houve ainda um alemão que não se juntou, mas com quem uma das inglesas meteu conversa: estava a derreter-se só de o ver e eu não a podia censurar :p Portugueses nem vê-los, pelo menos por enquanto.





O Owen em momento Kodac (sim, é o de t-shirt azul).

E sim: a Suécia é mesmo um cocktail hormonal altamente explosivo! Por alguma coisa as conversas no bar foram várias vezes para esses assuntos e não, não “provei” nada sueco :p

Já agora, o meu agradecimento ao Nuno pelas mensagens que ele me mandou à tarde: boas gargalhadas calham sempre bem :)